quinta-feira, 10 de setembro de 2020

Os pequenos e complexos musgos

Não há dúvidas que você já tenha visto um desses vegetais, todavia, tinha noção de quão diferente das plantas que possuem flores, eles são? Isso mesmo, hoje vamos falar de umas das plantas mais primitivas e resistente do planeta Terra, as Briófitas.
Musgos encontrados em parede de rocha.
Musgos encontrados em parede de rocha (Pedras Grandes - SC).
*ATUALIZANDO sobre canais condutores: Em função e formação análoga aos traqueídeos, nas plantas vasculares, algumas briófitas possuem células condutoras, os leptóides (transporte de açúcar e outros nutrientes) e hidróides (transporta água, minerais e açúcar).
Elas são um pouco parecidas com as algas, que vivem na água, mas conseguiram penetrar na terra e cobrir continentes afora. Todavia, a necessidade de umidade, e a ausência de canais condutores de seiva* (isso é, como as ‘veias e artérias’ dos animais), fez com que elas se mantivessem pequenas (até uns 10 cm).

O transporte de nutrientes e água, nas briófitas, ocorre por transferência de célula a célula, o que ocupa maior espaço de tempo. Mas, elas são tão resistentes, que são encontradas do Polo Sul ao Polo Norte, com exceção de áreas marinhas. Também são encontradas sob rochas, troncos, terra, dentre outros.

Outra diferença desses seres vivos, para os demais, é o seu corpo permanente. Os seres vivos, como nós humanos, são dioicos, isto é, (2n – no caso, os cromossomos são duplos – exemplo, cromossomo sexual XX e XY). O espermatozoide e o óvulo são (1n), no caso, monoico (Exemplo do cromossomo sexual: espermatozoide pode ser X ou Y e óvulo apenas X). Na fase adulta, nós permanecemos como (2n), como os demais animais e plantas, mas… as briófitas são o inverso, a fase permanente é monoico (1n), sendo seu corpo vegetal denominado de gametófito. Existem gametófitos masculinos e femininos, e para a reprodução sexual, faz-se necessário do auxílio de água:
A água cai na briófita masculino > o anterídios (como se fosse o testículo) libera os anterozoides > Os anterozoides vão nadando até o arquegônio (como o útero) > Ocorre fecundação da oosfera (óvulo) > Há portanto junção de 2 gametas e torna-se (2n) > As células se replicam e formam o Esporófito (mas lembre-se, a parte verde da plantinha, abaixo do esporófito [2n], continua sendo [1n]) > Dentro do esporófito maturam os esporos (2n) > antes da liberação dos esporos, há meiose – repartem os (2n) e ficam (1n) + (1n) > esporo cai em ambiente favorável, e nascem as novas briófitas.
foto mostrando o esporangioforo de briofitas
Os esporos ficam dentro da cápsula, no topo das setas,
representadas com maior destaque nesta foto.
Ai você pensa, isso é simples de entender, e como são primitivas, devem ter poucas espécies… #engano. São conhecidos na atualidade mais de 23.000 briófitas descritas, sendo que sua identificação é super complexa… e você sabia???
Em meio a primeira guerra mundial, enfermeiras francesas se deparavam com os guerreiros muito machucados e com pouco recurso para tratá-los, e na ausência de curativos e faixas. No desespero do momento, as enfermeiras coletaram briófitas da espécie Sphagnum sp. como substitutivo. Todavia, elas notaram que nos soldados que implementavam as briófitas haviam menos infecções e/ou melhoras em quem estava com situação infecciosa.
Esse é um erro, muitas vezes cometido por nós… rejeitamos aquilo que parece ser insignificante, mas pode ter elevados potenciar fármacos e/ou nutricionais. E as briófitas, estão ai para mostrar que têm muito a nos ensinar!
briofitas em tronco de arvore
Musgos com setas reprodutiva em tronco de arvoreta.
Algumas referências bibliográficas

CRANDALL-STOTLER, B. J. & BARTHOLOMEW-BEGAN, S. E. Morphology of mosses (Phylum Bryophyta). In Flora of North America Editorial Committee (eds) Flora of North America North of Mexico. 2007. Bryopsida: Mosses, Part 1. Oxford University Press, New York.

BORDIN, J., & YANO, O. Briófitas do centro urbano de Caxias do Sul, Rio Grande do Sul, Brasil. Hoehnea. 2009.

RAVEN, P. H., EVERT, R. F. & EICHHORN, S. E. Biologia Vegetal. ed. 8. Rio de janeiro: Guanabara Saúde Didático, 2014.

STEN, K. R., BIDLACK, J. E. & JANSKY, S. H. Introductory plant biology. ed.11. Nova York: McGraw-Hill, 2008.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Fico feliz com sua participação, comente :D