De que se trata aquele ‘pó’ atrás das folhas das samambaias?

Quem já se deparou com aquelas plantas exuberantes penduradas em vasos, em xaxins espinhosos em áreas de mata, ou mesmo pequenas plantas de folhas diversas acopladas a troncos de árvores, costões rochosos, no solo...? Basicamente todos, não é verdade?

Xaxim fotografado em meio a Mata Atlântica

Elas são muito comuns em quase todo o planeta terra, junto a isso, há também os mitos que giram em torno de sua biologia, sendo o mais comum, o de caracterizar as bolinhas ou ‘pozinhos’ atrás das folhas, como pulgões. E hoje vamos entender um pouco sobre isso.

O que são Samambaias (Pteridophyta lato sensu)?

Samambaias incrustadas em muro de tijolo

São plantas que possuem canais condutores de seiva (xilema e floema): Imagine como veias e artérias, todavia, são canais que levam nutrientes do solo e água para as folhas/seiva bruta (xilema), e outro que transposta das folhas para o corpo da planta os compostos orgânicos solúveis (floema). Graças a esses canais, a planta consegue crescer, alcançando diferentes alturas.

Podem ser encontradas em troncos de árvores, na forma epfítica, em rochas, no solo, geralmente são caracterizadas por uma folha larga com várias subdivisões, mas também em formato de Xaxim. Muitas espécies são resistentes a ambientes ácidos, nascendo até em 'boca de mina'.

Como elas se reproduzem?

Diferente das plantas com frutos (laranjeira, bananeira, ...), que todos nós conhecemos, as samambaias possuem um método de reprodução diferente, isto é, por alternância de gerações.

Na alternância de gerações, temos um fator importante a ressaltar. Na fase haploide (1n), temos o protalo/gametófito (veja imagem abaixo), nessa fase, existe a diferença entre gameta masculino e feminino, como observado nas briófitas, todavia, num mesmo protalo, encontramos os dois sexo.

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Na presença de água, os anterídios (masculino) liberam anterozoides flagelados (espécies de caudas como dos espermatozoides), e os mesmos vão nadando até os arquegônios (feminino), onde realizam a fecundação da oosfera (espécie de óvulo), dando origem ao zigoto que se desenvolve e forma um novo esporófito.

O que seria esporófito?

A própria folha da samambaia. Portanto, cada folha equivale a uma oosfera fecundada com sucesso. Mas, como se criam os esporos que vão gerar os protalos?

Detalhes dos soros arredondados dessa Polypodiaceae.

Isso mesmo, os esporos são desenvolvidos na parte inferior da folha das samambaias (geralmente), e é nessa espécie de bolinhas, listras, ou espalhadas por toda a base da folha ou na sua borda (estruturas essas denominadas de soros), que os esporos microscópicos são desenvolvidos, maturados, dispersados no ambiente, e na presença de água, germinam formando um novo protalo, e uma nova planta.

Há diversos formatos de soros, como o desta Blechnaceae

As novas folhas geralmente vão se desenrolando.

Curiosidade dos esporos

Existem uma infinidade de tipos de espors, esporofitos e soros, porém, todos têm uma característica muito parecida, o método de dispersão… e quando vamos trabalhar em laboratório, no que colocamos o esporo na lupa com presença de luz, ele começa a perder água e… maturar. Então, os esporos disponibilizados dentro de estruturas específicas (ditas esporófitos), começam a se romper… veja que curioso no pequeno vídeo que gravei em 2015, onde coloquei uma pequena parte de um soro, onde os esporofitos se abrem e liberam os esporos (os pontinhos na tela):