quarta-feira, 29 de abril de 2020

A importância social e cultural dos chás

Não é de hoje, que ouvimos termos como: toma um chá de limão que passa; chazinho de camomila acalma; …, mas, o que seria um chá? Num breve resumo, segundo o Dicionário Priberam:
Chá tem nome originado do mandarim, sendo substantivo masculino, no qual se aplica na [Botânica] Arbusto (Camellia sinensis) da família das teáceas; Conjunto de folhas desse arbusto; Infusão das folhas do chá; Sendo [Por extensão] Infusão das folhas ou das flores de qualquer planta (ex.: chá de hortelã).
No conhecimento popular, o chá é um conjunto de ervas, folhas, cascas, raízes, … de vegetais, manejados (fervido, por exemplo), com a finalidade terapêutica e/ou curativa. Amplamente utilizado pela população mundial, e têm como principal característica, a transmissão desse conhecimento de uma pessoa para outra (conhecimento empírico). 

Como tudo na história há pontos de vistas, e verdades para cada olhar, ainda entende-se que a origem do consumo de chás teve início na China, a cerca de 5.000 anos A.P (antes do presente), onde o imperador fervia a água antes de consumir, sendo que essa entrava em contato com folhas de plantas locais… todavia, sabe-se do elevado conhecimento dos povos nativos brasileiros (“Indígenas”), no uso de plantas no tratamento de diversas patologias (No qual, muitas vezes são utilizados em/como ritos).

Folhas e inflorescência de boldo / boldo do chile
Quem nunca se 'deliciou' com um chá de boldo? Efeito, faz :D
Durante a colonização das Américas, além do que se sabia sobre plantas medicinais no continente Europeu, os povos nativos transmitiram seu conhecimento aos novos habitantes, como também realizado pelos povos africanos, e com passar dos tempos e das experiências, ainda é amplamente utilizado e compartilhado a sapiência de cultivar e manejar plantas medicinais. Isso já é observado pela comunidade acadêmica, dados a eficiência em tratamentos diversos, e de plantas com elevado potencial farmacológico, inclusive, grupos de pesquisas de Universidades vão ao encontro dessas comunidades, tanto para obter esse conhecimento, como dividir/compartilhar saberes e tecnologias (Veja esse exemplo da USP, que fez um Guia informativo sobre plantas medicinais, e do grupo de Pesquisa da UNESC (GEPPLAM), que produziu um livro, junto com agentes da Pastoral, durante 10 anos).
A Pastoral da Saúde, é um grupo da Igreja Católica, onde centenas e milhares (principalmente, mulheres) de pessoas trocam conhecimento, e possibilitam tratamentos, inclusive, a populações mais vulneráveis, e que não tem acesso a remédios. 
Porém, o que muitos não imaginam, é que chás também são medicamentos, por exemplo: quando uma determinada planta ajuda na cicatrização, ela possui na sua estrutura um composto químico que auxilia na cicatrização. A indústria farmacêutica, sabendo disso, vai estudar qual o composto dessa planta que realiza o processo, e extrai ele, avalia e verifica qual o potencial, reações adversas e quantidade necessária para a melhor ação medicamentosa.

Assim, apesar de entender a importância de se beber o chá, precisamos entender que ele também é uma ‘droga’, que pode ter reações adversas, toxinas que podem ser prejudiciais, e que precisa ser bebido com moderação e atenção. Faz isso a importância do conhecimento empírico, como o da Pastoral da Saúde, de nossos bem vividos e dos curiosos e da universidade, que graças ao conhecimento adquirido, conseguem mensurar com mais segurança, como e quando beber tal chá. Além dos vendidos em lojas e supermercados, que vêm com instruções e composições nas embalagens.

E quando sua mãe, pai ou avós falarem, tome um chá de cana-cidreira que vai te acalmar, lembre-se que eles não descobriram isso do nada, mas… vêm de uma cultura local, regional ou até global, de experiências, experimentações e pesquisas.

Algumas referências e recomendações de leituras:

CARNEIRO, Ana Luiza C.; COMARELLA, Larissa. Principais interações entre plantas medicinais e medicamentos. Revista Saúde e Desenvolvimento. vol. 9, n.5. jan –jun -2016.
MORAIS, Selene Maia de; DANTAS, Joana D'arc Pereira; SILVA, Ana Raquel Araújo da  and  MAGALHAES, Everaldo Farias. Plantas medicinais usadas pelos índios Tapebas do Ceará. Rev. bras. farmacogn. [online]. 2005, vol.15, n.2
RIACHI, Liza Ghassan (Palestrante). PPGAN UNIRIO: Ciclo de Palestras – Alimentação e Saúde. Chás: natural é atóxico? 2013.

2 comentários:

  1. Bom dia . Estou visitando seu blog primeira vez . Gostei muito dos assuntos abordados .Vou colocar seu blog no meu blog na parte de blogs que acompanho .

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  2. Olá Marina, fico feliz em receber sua visita, e ter meu blog compartilhado em seu canal. Coloquei seus dois blogs na minha lista de blogueiros parceiros: https://bcbot.blogspot.com/p/blogueiros-parceiros.html
    Obs, também já visitava seu blog, e gosto bastante deles.
    Abraço e excelente semana

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