segunda-feira, 17 de janeiro de 2022

Visitando o mundo curioso da babosa (Aloe vera): um rico vegetal milenar

Hoje vamos falar de uma planta importante na medicina natural, cosmética, culinária e paisagismo, a popular babosa (Aloe vera (L.) Burm.f.). E em nossa matéria, abordaremos de diferentes temáticas, sendo: origem provável da planta; utilização humana; características ecológicas e da espécie; curiosidades gerais.
 
Visão geral superior de três plantas da espécie Aloe vera (babosa).
Visão geral superior de três plantas da espécie Aloe vera (babosa).

Reino: Plantae
Grupo: Monocotiledônea
Classe: Equisetopsida C. Agardh
Ordem: Asparagales Link
Família: !!Asphodelaceae Juss.
Gênero: Aloe L.
Espécie: !Aloe vera (L.) Burm. f.
Dados básicos: A babosa (Aloe vera), é também conhecida como erva-babosa e babosa-medicinal (Lopes, Dutilh, Campos-Rocha 2020). Ela pertence a família botânica Asparagaceae Juss., e ao gênero Aloe L., sendo que existem atualmente cerca de 400 espécies diferentes de plantas pertencentes ao gênero Aloe, no qual, grande parte têm origem na Africa (Queiroga et al. 2019, Lopes, Dutilh, Campos-Rocha 2020).

Pode-se encontrar na literatura citando como pertencente a família Xanthorrhoeaceae.

  A origem da planta:

Seria aventureiro de minha parte definir um local de origem para essa planta, mas observando a literatura, podemos ter uma noção da origem dela.

Detalhes das flores na base da inflorescência da babosa.
Detalhes das flores na base da inflorescência da babosa.

O gênero Aloe, na qual pertence a babosa (Aloe vera), é encontrado naturalmente no sudeste do continente africano, na península arábica e nas ilhas do oceano índico (Queiroga et al. 2019). E como no continente africano é o local com maior presença de espécies do gênero Aloe, subentende-se que essa espécie tenha origem dessas regiões (Parente et al. 2013, Queiroga et al. 2019).

Originalmente, é uma espécie de regiões desérticas, mas possui plasticidade adaptativa, isto é, consegue se ‘dar’ bem em ambientes distintos (Queiroga et al. 2019). Freitas, Rodrigues e Gaspi (2014) citam que a babosa possui melhor adaptação a ambientes leves e arenosos, sem exigência de muita água, mas Parente et al. (2013) recomenda bastante incidência de luz solar direta e de um solo bem drenado.

  Utilização humana:

O uso de babosa (A. vera) pela humanidade vêm de longa data. Existem registros datados por aproximadamente 4.100 a.P, da utilização da planta na Mesopotâmia, e no Egito antigo, Cleópatra fazia uso cosméticos tanto para pele, quanto cabelos (Freitas, Rodrigues e Gaspi 2014). Queiroga et al. (2019) cita também, que o uso terapêutico da babosa vêm de milhares de anos, como pelos gregos, judeus, egípcios, árabes, africanos, europeus e, posteriormente pelos povos ocidentais. Um fator curioso, que no período de Cleópatra (Egito), a babosa era considerada a ‘planta da imortalidade’ (KEW 2021).

Nas folhas estão os recursos mais utilizados da babosa.
Nas folhas estão os recursos mais utilizados da babosa.

Hoje, há o uso da planta para fins medicinais como no estímulo de processos metabólicos, regeneração, cicatrização de tecidos e resolução de inflamações, uso pela indústria cosmética e alimentício, tanto como conservante de alimentos, quanto em sucos ‘nutritivos’ (Parente et al. 2013, Queiroga et al. 2019), lembrando aqui, que o uso é tanto pelas indústrias, quando por populações tradicionais.

  Características ecológicas e de espécie:

Trata-se de uma planta arbustiva, de caule curto, folhas jovens retas, agudas e com pintas brancas, e folhas adultas dispostas em rosetas, podendo o vegetal chegar a 1,20m de altura (Junior 2006).

Inflorescência de Aloe vera.
Inflorescência de Aloe vera.

A babosa (A. vera) necessita de boa incidência de luz solar direta e de um solo bem drenado (Parente et al. 2013). Importante relembrar que esse vegetal é originário de regiões desérticas, e possui capacidade de sobreviver em habitats hostis, todavia, ela têm versatilidade adaptativa a diversos outros formatos ecológicos, como no Cerrado brasileiro (Parente et al. 2013, Queiroga et al. 2019).

De climas tropical e subtropical secos, elas não toleram geada, sob ventos frios pode ocorrer o avermelhamento das folhas, em excesso de radiação solar com pouco acesso a água, gera folhas finas, ressecadas e com aparência bronzeada, sendo o melhor método de cultivo, em ambientes sob sombra parcial, com cerca de 30% de exposição à luz solar (Junior 2006).

Na área da Taxonomia, que trata sobre a identificação de espécies e afins, ainda há dúvidas pertinentes, uma delas tem sido definida em 2017, ano em que foi optado como nome de família conservado, a Asphodelaceae, isso pois, sendo anteriormente, A. vera pertencente a família botânica Xanthorrhoeaceae (Souza, Lorenzi 2019).

  Curiosidades gerais:

O uso industrial ou caseiro dessa planta, busca em uma área dessa planta para a extração da ‘baba’ medicinal, e você já parou para pensar do que se trata essa área da planta?

Folhas de babosa cortada, mostrando o gel.
Folhas de babosa cortada, mostrando o gel.

Bom, vamos tentar facilitar e depois complicar a situação. Quando nos alimentamos, nosso corpo pega o que for ‘extra’ e guarda em células em formato de gordura/açúcares (no tecido adiposo), para quando necessário, pegar esse material para suprir as necessidades do organismo. Nas plantas é bem parecido...

Naquela região transparente da folha da babosa (A. vera), existe um tecido chamado de parênquima (Tecido com diversas funções estabelecidas), e no caso da babosa, há dois tipos de parênquimas, o p. clorofiliano que compõe a borda e o p. de reserva, a parte transparente interior (Queiroga et al. 2019).

Corte fino para mostrar região transparente da folha de babosa.
Corte fino para mostrar região transparente da folha de babosa.

Seguindo a linha de raciocínio de Queiroga et al. (2019), no parênquima clorofiliano, que fica na região mais a borda da folha, tem coloração amarela devido a presença do látex (questão maior para defesa da planta), e o parênquima de reserva é o de maior interesse a quem os cultiva para a área medicinal, sendo esse gel mucilaginoso composto sobretudo por água e polissacarídeos (carboidratos).

Digamos, por fim, que essa planta é amplamente cultivada e vêm transcendendo de gerações em gerações. E na cultura popular, leva-se ao entendimento do saber tradicional, às nossas avós. Fato curioso, que levou a um trecho no desenho animado, com a protagonista Vovó Juju, em Irmão do Jorel, citando a palavra babosa:


  Referências bibliográficas:

Freitas VS, Rodrigues RAF, Gaspi FOG. 2014. Propriedades farmacológicas da Aloe vera (L.) Burm. f. Rev. Bras. Pl. Med. Link do artigo.

Junior AAS. 2006. Babosa-de-botica (Aloe vera) Bioativa por excelência. Agropec. Catarin. Link do artigo.

KEW Royal Botanic Gardens. 2021. Aloe vera. Link da página.

Lopes RC, Dutilh JHA, Campos-Rocha A. 2020. Asparagaceae in Flora do Brasil 2020. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Link de acesso.

Parente LML, Carneiro LM, Tresvenzol LMF, Gardin NE. 2013. Aloe vera: características botânicas, fitoquímicas e terapêuticas. Arte Médica Aplicada. Link do artigo.

Queiroga VP, Girão EG, Firmino PT, Albuquerque EMB (ORG). 2019. Aloe vera (Babosa): Tecnologias de plantio em escala comercial para o semiárido e utilização. Campina Grande: AREPB. Link acesso.

Souza VC, Lorenzi H. 2019. Botânica Sistemática - 4ª ed. Plantarum. [Impresso]

17 comentários:

  1. Sobretudo conhecida pelas propriedades associadas aos tratamentos de pele.
    Um abraço

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    1. Excelente colocação Pedro, mas lembramos que ela pode gerar processo alérgico, então não podemos abusar do uso :D
      Forte abraço

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  2. Usei muito Babosa nas minhas pesquisas e fiz uma pequena plantação em casa há anos atrás para usar nos meus estudos . Bons tempos .
    Excelente publicação. Grazie .

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  3. Olá Marina,
    De fato, são excelentes recursos de estudos.
    Forte abraço

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  4. Boa tarde meu querido amigo Calebe. Parabéns pelo seu trabalho excelente de explicação sobre a babosa. Só não sabia sobre o uso culinário. Aqui no quintal temos algumas. Sugiro uma matéria sobre o Coité ou Coité. Já vi uns três tipos dessa planta. Algumas formas totalmente diferentes.

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    1. Olá Luiz,
      Nunca tive contato com coité, prometo que quanto isso ocorrer, vou preparar algum material para o blog.
      Forte abraço
      Calebe Borges

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    2. Obrigado meu querido amigo. Coité ou cuité também é conhecido como cabaça. Eu conheço uma três tipos, um maior do que uma bola de basquete, um médio e outro lembra um formato de um abacate. Obrigado pela visita e comentário. Meu sonho é conhecer algumas cidades de Santa Catarina e fazer matérias para o Blogger. Eu vi a ponte de Laguna e fiquei impressionado com seu tamanho e arquitetura. Grande abraço carioca.

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    3. Olá Luiz,
      Eu não as conheço :) Mas um dia as conhecerei;
      Santa Catarina é um bom estado para se visitar, temos praias (as vezes com águas geladas), cidades históricas como Laguna e São Francisco do Sul, temos pontes memoráveis como a Hercílio Luz (Floripa) a a Anita Garibaldi (Laguna). Temos as serras e suas neves, parques ambientais e temáticos (Beto Carreiro).
      Referente a Ponte de Laguna, eu trabalhei em um dos pontos da ponte, no sambaqui da Cabeçuda, um ponto histórico na parte próxima a base norte da via. Acompanhei os profissionais executando as obras, levando os polares e balsas monumentais indo e voltando constantemente.
      Forte abraço.

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  5. Olá, Calebe!

    Já ouvi falar da babosa em textos brasileiros, mas desconhecia que a babosa era a tão afamada Aloe vera, que tem imensas aplicações.
    Agradeço as informações prestadas no seu post e que são muitas.

    Abraços e dias com saúde.

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    1. Oi Céu,
      O nome comum de fato pode nos pregar peças, mas a babosa é a mundialmente famosa Aloe vera.
      Muito obrigado pela sua visita,

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  6. Obrigado pela partilha. O seu texto dá-nos uma informação detalhada acerca da planta, que eu já conhecia, mas sabia apenas que entrava na composição de alguns shampôs para o cabelo.
    Abraço de amizade.
    Juvenal Nunes

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    1. Olá Juvenal,
      Fico feliz que o material que produzi tenha agregado algo para você.
      Forte abraço, e muito obrigado pela sua visita.

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  7. Bom dia meu querido amigo Calebe. Passando para desejar um bom início de semana com muita paz e saúde. Grande abraço carioca.

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  8. Olá Calebe
    Obrigada pelo simpático comentário no meu blog!
    Já estou seguindo o seu!
    Quanto ao cacto de Aloé Vera eu tenho um no meu jardim, mas nunca o usei para nada, tem pessoas onde moro que tratam problemas de pele com ele!
    xoxo

    marisasclosetblog.com

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    1. Olá Marisa, muito obrigado pela sua visita.
      Eu possuo algumas Aloe vera, e as utilizo pouco para saúde, mais como paisagismo.
      Forte abraço

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  9. Olá, Calebe, olha, foi o melhor texto que li sobre Aloe Vera, muito completo e didático.
    Parabéns, não dá para ficar somente em uma leitura, essa sua "aula" merece muitas leituras! De minha parte lerei mais vezes, serão consultas!
    Parabéns sempre por esse blog maravilhoso.
    Uma feliz semana,
    Abraços!

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    1. Olá Tais,
      Que ótima noticia me da. Eu fiz o texto com muito carinho e leitura. Busquei trazer aquilo que foco no blog, popularizar a ciência.
      Fico imensamente grato, e confesso que eu também entro no meu blog, e releio meus posts para relembrar aquilo que já escrevi, e reaprender.
      Forte abraço

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