Sementes: a estratégia reprodutiva que se tornou fonte de recursos e um universo de curiosidades

Semente de palmito-jussara (Euterpe edulis) emergindo pós germinação.

Hoje abordaremos sobre um tema muito bacana, que envolve a maior parte dos vegetais conhecidos no planeta, as sementes, seus modos de dispersão, dentre outras curiosidades.

E para isso, vamos ter duas abordagens. Na primeira, apresento para vocês o microDOC, ou micro documentário, que publiquei em meu canal no YouTube, mas pode ser assistido a seguir. O segundo modo, e não menos importante, o post escrito aqui no blog, no qual tentarei tratar de forma simples algo super complexo, vamos viajar nesse universo?

Assita ao microDOC: Sementes: Um olhar microDOC

O que são sementes? 

Sementes são, de um modo genérico de se tratar, um óvulo maduro e fecundado, contendo em seu interior uma planta embrionária e substâncias de reserva – nutrientes para o início da germinação e emergência da nova planta.

Se fossemos tratar de termos técnicos, ficaríamos horas conversando, e mesmo assim não encerraríamos o papo, pois as questões sementes são extremamente complexas e com muitas formações e características peculiares, mas seguimos...

Quais os tipos mais comuns de sementes? 

Podemos encontrar no planeta terra, uma infinidade de tipos de sementes. A exemplo, temos uma palmeira que ocorre nas ilhas maldivas, a coco-do-mar (Lodoicea maldivica (J.F.Gmel.) Pers.), que possui uma das maiores sementes do planeta terra, com até 42 kg, e temos também pequeníssimas e milimétricas sementes, como as da espécie manacá-da-serra (Tibouchina sellowiana (Cham.) Cogn.) e grande parte das orquídeas, bromélias, … (e que possivelmente temos em nossos jardins).

Todavia, cada vegetal desenvolve um modelo de característica para sua semente e fruto, o que têm como meta a dispersão mais eficiente, e sua capacidade de resistir a dessecação. Portanto, temos algumas características popularmente conhecidas como:

Exemplo de semente alada. Espécie da família Asteraceae, a mesma do dente-de-leão.

Sementes-aladas: Que possuem uma anatomia que favorece a aerodinâmica, isto é, com as ações dos ventos, conseguem planar longe. A exemplo, temos o dente-de-leão, os jacarandás e os ipês.

Cereais: São grãos originários de plantas conhecidas como gramíneas, das espécies comuns temos o arroz, a aveia, o milho.

Leguminosas: as sementes denominadas de leguminosas, são originárias de plantas da família botânica Fabaceae, dentre elas temos amendoim, ervilha, feijões.

Amêndoas: São sementes da amendoeira, espécie da família das Rosaceae. Podem haver amêndoas comestíveis e toxicas, que são mais utilizadas na extração de óleos…

No nosso dia-a-dia? 

Há uma infinidade de usos das sementes no nosso dia-a-dia, como:

Alimentação: há uma riquezas de oportunidades e alimentos originários de sementes, como o milho, ervilha, arroz, feijão, trigo, soja, aveia, castanha, café, dentre muitos outros.

Óleos vegetais comestíveis: óleo de girassol, de soja, de oliveira, de coco, de milho...

Combustíveis: atualmente, tem-se crescido o número de combustíveis originados de plantas e sementes, como o biodiesel de girassol, mamona, dendê, canola, amendoim, soja e até mesmo do algodão.

Da mamona, são produzidos os biodiesel. Na foto, fruto verde e maduro, e em cada fruto, contém 2 sementes no seu interior. Família Euphorbiaceae.

Meios de dispersão: 

Por fim, de nada adiantaria produzir uma sementes viável, sem conseguir mandá-la para outro local, e estender a abrangência de existência de sua espécie, certo? As plantas com sementes, portanto, desenvolveram estratégias para a dispersão, dentre elas, temos a dispersão por:

Autocoria: essa pode ser uma das características mais engenhosas de jogar a semente longe. A autocoria, a própria planta joga de alguma forma a semente, como no caso da maria-sem-vergonha (Impatiens walleriana Hook.f.), quando seca a capsula/fruto, ele estoura como uma mola e joga longe a semente.

Dispersão de sementes de maria-sem-vergonha (Impatiens walleriana Hook.f.)

Anemocoria: no caso, a dispersão pelo vento – as que chamamos no post como sementes aladas. Estratégia essa utilizada por plantas como o dente-de-leão (Taraxacum sp.), os ipês (Handroanthus sp.) e jacarandás (Jacaranda sp.). Outrossim, quando a semente é muito pequena e leve, é favorecida também pela ação dos ventos.

Hidrocoria: semente transportada pela ação das águas. Podemos ter aqui sementes levadas por rios e lagos. Lembra da maior semente do mundo, do coco-do-mar citado no começo do texto, pois bem, ela é super pesada, mas é facilmente transportada pelas águas.

Zoocoria: os animais, ao consumirem o fruto da planta, pode ingerir ou simplesmente descartar a semente em algum local. Os morcegos, por exemplo, comem o fruto inteiro e defecam durante o voo, e assim, a semente sai junto com as fezes e ganham maiores chances de sucesso. Essa característica também é observada pelas aves, e demais animais vegetarianos e onívoros.

O esquilo, quando pega o coquinho do coqueiro jerivá (Syagrus romanzoffiana), consome o fruto ainda verde, e joga a semente do alto das árvores para o solo.

 

Concluindo: 

Não, as plantas não criaram as sementes pensando em nos alimentar. Sementes são, no caso, um novo ser, uma nova planta, que, em ambiente favorável às características necessárias para a sobrevivência daquele vegetal, germina e emerge como novo vegetal.

Se engana quem acha, que para se criar uma árvore monumental, obrigatoriamente, a semente precisa ser proporcional a planta mãe… o manacá-da-serra está aí para nos desmentir.

Por fim, um fruto com muitas sementes, favorece que um maior número de embriões tenham chances de sobreviver, mas… um pequeno fruto, ou pequena semente, como no caso de grãos, tem maiores chances de predação. Portanto, deve-se pesar o custo benefício desse vegetal em desenvolver a estratégia reprodutiva.

Ainda com curiosidade sobre sementes? Prometo voltar outro dia, aqui no blog, para tratar de outras curiosidades… pois como vimos, é um universo dentro de pequenos (ou nem tanto) óvulos fecundados.

Forte abraço