terça-feira, 21 de julho de 2020

As plantas também se comunicam


Para iniciar o nosso bate papo sobre a comunicação dos seres vivos, em especial as plantas, vamos entender o que poderia ser considerado mecanismo de comunicação, como funciona em algumas situações e concluiremos sobre as descobertas sobre as comunicações entre vegetais e vegetais/animais.

Conforme o dicionário PRIBERAM, Comunicação é: Informação; participação; aviso. Transmissão. Notícia. Passagem. Ligação. Convivência. Relações. Comunhão (de bens).
Quando falamos em comunicação, para nós humanos, levamos sempre em consideração a fala, a escrita, linguagem corporal… basta pesquisar no Google sobre Métodos de Comunicação, ele apresentará estudos de grandes universidades, mostrando os melhores modos de se produzir um conteúdo dinâmico e interativo, há também um livro que ensina, por exemplo, como produzir um conteúdo visualmente agradável e bem organizado – juntando a escrita com a formatação textual (Design para Quem Não e Designer - Williams, Robin 1995), por fim, acabamos as vezes achando que a escrita, os desenhos, a fala, o gesticular, são peças exclusivas na comunicação, mas… vai muito além. Nos seres vivos, incluindo nós humanos, a química acaba sendo um dos fatores importantes para a comunicação. Reinaldo C. de Campos e João A. M. Gouveia-Matos (2013) escreveram um material bem interessante, onde abordam sobre essa importância, tanto no mecanismo de defesa, quanto no modo como se comunicam. Por exemplo, você já parou para pensar, como todos os cães da cidade descobrem que há uma cadelinha no cio, e vão todos na direção certa, de encontro dela? Ou, como as abelhas encontram as flores, mesmo em períodos de baixa incidência de floração?

Pequena plantas com orvalho.
Pequenas plantas (azedinhos) com orvalho em gotículas.
Assim, entendemos que a comunicação é uma arte multifatorial, isso quer dizer, que tudo pode se transformar em comunicação, e mesmo estática, as plantas também se comunicam, por exemplo, como você sabe que uma fruta está madura? Ela geralmente ganha uma coloração atraente, um odor chamativo, textura convidativa, não é mesmo?

A revista Super Interessante abordou a algum tempo, sobre a genialidade das plantas, em desenvolver estratégias para se defenderem de predadores, como a produção de compostos químicos repelentes, ou para chamar o predador daquela praga que o ataca. David Attenborough da BBC Earth e o Royal Botanical Gardens – Kew (2012) também apresentaram num conjunto de grandes documentários desenvolvidos dentro do jardim botânico londrino, umas dessas estratégias, no qual, ao ser ‘atacado’ por larvas, o imponente Pinheiro enviou odores (aquele odor característico de pinus) ao ar, e automaticamente, chamou a atenção de joaninhas (vorazes predadoras), assim, ambos se beneficiaram dessa parceria.

Floresta Mata Atlântica
As plantas se comunicam quando há alguma predador atacando.
Além da comunicação entre plantas e animais, elas também conseguem se comunicar, isto é, elas emitem sinais às demais plantas, como por exemplo, para avisar que está sendo atacada, dando tempo de resposta às demais. Todavia, muitos dos estudos foram empregados na comunicação pelo ar, mas uma pesquisadora canadense foi mais afundo, ela buscou compreender as raízes.

A Dra. Suzanne Simard fez um experimento, que demonstrou uma atividade extraordinária entre algumas espécies vegetais canadenses, a transmissão de CO2 pela raiz. Tentamos entender brevemente o que ela fez:
A cientista, ao cultivar as plantas, colocou uma espécie de capsula nas plantas, da terra para cima, em uma planta, ela recebeu o CO2 natural, as demais receberam o gás carbônico tóxico, as plantas que estavam recebendo gases tóxicos, pediram ajuda e a que estava recebendo CO2 (gás carbônico não tóxico a planta), compartilhou o gás às plantas vizinhas através das raízes, ajudando-as a sobreviver e realizar fotossíntese.
Mas essa transferência não é tão simples assim… no caso, para que o CO² passasse de uma raiz para a outra, elas receberam o auxílio de fungos que se acoplam às raízes em atividades simbióticas (ambas se beneficiando). Fungo é geralmente ‘invisível’ a nossos olhos, geralmente vemos a parte reprodutiva, como o cogumelo, todavia, um fungo ou uma colônia, pode alcançar milhares de quilômetros, interconectando florestas e/ou comunidades de plantas.

Muitas vezes, o cinema imita a vida real, e caso já tenha visto, o filme Avatar mostra essa conexão de modo lúdico, incluindo a conexão dos ‘avatares’ com a árvore-mãe. Outro tema abordado no filme, é a exploração desenfreada dos recursos, interação humana e ação danosas, o que também foi avaliado por Simard et al. (2012), no qual, até onde chegam os impactos e as poluições geradas, na manutenção ecológica e sobrevivência das plantas, será que os agentes poluidores podem ser absorvidos pelos fungos, e transferidos entre as raízes a ponto de ‘matar’ uma floresta? Conforme a Dra. Suzane, sim.

Flores de Poaceae (graminhas) em pleno inverno.
Por fim, faz-se importante compreender as conexões e comunicações vegetais, para poder, por exemplo, desenvolver metodologias sustentáveis e rentáveis à agricultura, como a preservação de áreas ambientais nativas (para quando necessitar, acionar os predadores para consumir a possível praga, evitando o uso de agroquímicos – reduzindo o custo de produção). Na revista Super Interessante (citado anteriormente), eles deram o exemplo do milho, que ao ser atacado, ativa os hormônios que chamam a vespa, que repele a praga que o ataca… mas lhe pergunto, de onde vêm as vespas? Muito provavelmente, dos remanescentes florestais. No entanto, há muito o que se pesquisar e estudar sobre as conexões e comunicações florestais, e florestais-agrícolas.

Você já havia ouvido falar sobre essas características das plantas?

2 comentários:

  1. Essa ultima foto das 9graminhas), ficou realmente incrível. Nossa, em imaginar que elas são pequenas, e ficou muito próxima, com altíssima qualidade. Parabéns.

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