segunda-feira, 7 de fevereiro de 2022

Conheça o artigo publicado sobre vulnerabilidade e capacidade adaptativa de uma comunidade de pescadores

Nesta segunda-feira (7), foi publicado o arquivo final do artigo Vulnerabilidade e Capacidade Adaptativa de uma Comunidade Pesqueira Pós Furacão Catarina (DOI: https://doi.org/10.6008/CBPC2179-6858.2021.005.0051), na revista Revista Ibero-Americana de Ciências Ambientais (RICA), e que havia sido aprovado em maio de 2021.
 
Braço rio ararangua com barcos estacionados
Região onde os pescadores estacionam as embarcações.

 O Projeto: 

Desenvolvido nos anos de 2016, o projeto foi realizado durante minha graduação em ciências biológicas na UNISUL, com orientação do professor Dr. Rodrigo Rodrigues de Freitas, no Grupo de Pesquisa em Conservação de Recursos Naturais de Uso Comum (GRUC UNISUL), e com apoio financeiro do Programa Unisul de Iniciação Científica (PUIC).

As atividades de campos ocorreram na comunidade de Ilhas, Araranguá, SC, com entrevistas semiestruturadas, a fim de entender as capacidades de resiliências dos modos de vida, após enfrentamento de um dos maiores eventos climáticos extremos já relatado na região sul do estados de Santa Catarina, o Furacão Catarina. Também, foram agrupados recursos literários sobre a temática, para poder entrelaçar dados.

Durante o desenvolvimento do projeto, foram apresentados em diferentes eventos e na Jornada Unisul de Iniciação Científica (JUNIC 2017), os resultados da pesquisas, mas pós projeto, deu-se início as reanálises e escrita do artigo que foi aprovado pela revista científica em 2021.

Para o desenvolvimento do artigo, agregamos o pesquisador e professor Dr. Allan Yu Iwama, que veio abrilhantar o conteúdo. Com isso, buscamos entender quais as vulnerabilidades da comunidade, e os desafios para se buscar mecanismos de interação e ação comunitária frente a futuros eventos climáticos extremos.

  O Artigo: 

Buscamos entender as consequências iniciais do Furacão Catarina, que atingiu a costa sul do estado de Santa Catarina no ano de 2004, os danos materiais e sociais, e como a comunidade de Ilhas foi informada sobre o evento, quais os meios dos comunitários de se precaverem e/ou como pôde-se levar as informações com maior agilidade.

A pesquisa objetivou, portanto, em conhecer a situação de vulnerabilidade socioambiental, diante do furacão e identificar os fatores que influenciaram na capacidade adaptativa em nível comunitário.

Alguns fatores observados, que podem influenciar na vulnerabilidade da comunidade, está o livre-acesso aos recursos pesqueiros e conflitos entre os usuários; a marginalização econômica (dificuldades e diminuição do poder econômico) e roubos; a poluição do rio e isolamento geográfico e comunicação. Esses fatores, quando deixam de ser avaliados, principalmente pelo setor publico, dificulta aos comunitários de se manterem na localidade, ou mesmo, garantir sua resiliência dos modos de vida.

Além dos cenários de vulnerabilidades apresentados, que comprometem as capacidades adaptativas frente a eventos extremos, se reconhece o potencial local nas tomadas de decisões coletivas, sendo este um importante mecanismo a ser explorado pelo poder público, academia (universidades) e ONGs, para auxiliar na resiliência dos modos de vida, e melhorias locais.

Explorar os potenciais da comunidade no desenvolvimento de planos de emergência e de prevenção participativa, favorece aos comunitários para sua melhor vivência e adaptações a mudanças climáticas e eventos extremos. 
 
Braço rio ararangua com barcos estacionados
A área de estacionamento das embarcações, são popularmente avistadas como ambiente belo e turístico. Muitos param no local para registar fotos.

  Pontos importantes do artigo: 

- O projeto só foi construído, graças a receptividade e carinho dos pescadores da comunidade de Ilhas, Araranguá (SC).

- Livre-acesso aos recursos pesqueiros: O livre-acesso favorece a diminuição dos recursos pesqueiros e sua qualidade.

- Conflitos entre os usuários: está mais ligado a fiscalização ineficiente que fomenta a ilegalidade, como em caso de pesca em locais proibidos. O livre-acesso, quanto os conflitos, têm forte ligação com pessoas de fora da comunidade.

- Marginalização econômica e roubos: além da redução na quantidade e na qualidade do pescado, os pescadores enfrentam problemas sociais como a ausência de escola, de atendimento médico e odontológico (na comunidade) e a oscilação na renda. No quesito roubos, os problemas observados estão mais atribuídos aos indivíduos externos.

- Poluição do Rio: o Rio Araranguá possui cerca de 8% de trechos impactados com drenagem ácida (pH < 6), dado que pode influenciar na diminuição da pesca; Outro fator observado, é a remoção da vegetação ciliar, que influencia na produção de alevinos.

- Isolamento geográfico e comunicação: Ilhas fica geograficamente isolada (banhada pela foz do rio Araranguá, e apenas uma via de acesso); possuem dificuldades para comunicação, sem telefonia fixa e acesso a internet de boa qualidade. Quando a balsa não está operante, precisa-se pegar a BR-101, para chegar a Araranguá, o que dificulta em emergências, como casos de saúde.

- A comunidade possui lideranças atuantes, que participam tanto na comunidade, quanto no poder público, o que precisa ser melhor explorado, principalmente para respostas a novos eventos.

- A comunidade não possui escola, nem posto de saúde. A alguns anos, a Colônia de Pescadores atuava com assistências aos comunitários, como acesso a computadores com internet, e possuía uma sala de atendimento médico.

- A capacidade de tomar decisão no nível comunitário é um fator imprescindível no desenvolvimento de planos de emergência e de prevenção participativa pelo poder público.

Por fim, observa-se no processo da pesquisa, a complexidade da situação de vulnerabilidade socioambiental existente na localidade, que passa pela sensação de abandono e de distanciamentos dos recursos básicos, além de seu posicionamento geográfico ser em uma foz de rio.

O artigo tem como objetivo, levar aos tomadores de decisões um arcabouço literário sobre a necessidade de agregar a comunidade aos seus projetos e atuar de modo preventivo e integrativo nas tomadas de decisões.

Caso tenha interesse no material, clique aqui e leia o artigo na íntegra.

Acesse o artigo na íntegra: https://www.sustenere.co/index.php/rica/article/view/5448/2976

  Sobre os autores: 

Calebe Borges. No desenvolvimento do projeto, era estudante de graduação em ciências biológicas na Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL), e bolsista de iniciação científica. A partir de 2018, direcionou os esforços para a área da botânica e ecologia, e atualmente é mestrando em biologia de fungos, algas e plantas. Lattes. Página pessoal.

Dr. Rodrigo Rodrigues de Freitas (Professor Orientador). É doutor em Ambiente e Sociedade pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Possui graduação em Ciências Biológicas (2002) e mestrado em Geografia (2005) pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Realizou especialização (2004) em 'Gestão para o Ecodesenvolvimento de Zonas Costeiras' pela Universidade para a Cooperação Internacional (UCI) da Costa Rica. Lattes. GRUC UNISUL.

Dr. Allan Yu Iwama. Engenheiro Ambiental, com mestrado em Sensoriamento Remoto e doutorado em Ambiente e Sociedade. Lattes. Website.

 Errata do artigo: 

A publicação da revista trocou a segunda imagem, repetindo a primeira sobre a abrangência das influências do furacão, sendo que a segunda imagem seria:

Figura 2: Mapa de localização da comunidade de Ilhas, localizada a nordeste de Araranguá, sul de Santa Catarina, sul do Brasil.
Figura 2: Mapa de localização da comunidade de Ilhas, localizada a nordeste de Araranguá, sul de Santa Catarina, sul do Brasil.

11 comentários:

  1. Para ler com calma e perceber como a Natureza influi nas nossas vidas.
    Tivemos aqui esse exemplo com o tufão Hato.

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  2. Bom dia Calebe. Parabéns pelo seu excelente trabalho. Infelizmente em alguns lugares algumas espécies de peixes ou mamíferos aquáticos estão quase em extinção. Muitas cidades brasileiras, não dão a devida atenção aos seus dejetos no meio ambiente, fazendo rios, lagos, lagoas e litoral, literalmente sua caixa de esgoto.

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  3. Ilustre e fascinante trabalho que muito gostei de ler. Deixo o meu elogio
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    Saudações poéticas.
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    Pensamentos e Devaneios Poéticos
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  4. Parabéns por esse trabalho calebe 👏👏👏👏continui sempre assim 🤗

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  5. Super interessante . Estou lendo agora a publicação integral .É difícil controlar todas variáveis qdo se depende de fatores como a NATUREZA
    Parabéns
    Grande abraço

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    1. Oi :D
      Para mim foi extremamente difícil, mas por sorte eu estava acompanhado por 2 doutores altamente capacitados :D
      Forte abraço

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  6. Um belíssimo trabalho. Infelizmente há muitas variáveis cujos controles estão fora de nosso alcance, mormente as que dependem de fatores naturais. No entanto, é urgente conhecer o perigo que o descaso está causando e tudo fazer para evitar.
    Parabéns pelo trabalho.
    Bjs
    Marli

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  7. Parabéns pelo artigo! Continue o seu interessante e importante trabalho de investigação!
    xoxo

    marisasclosetblog.com

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  8. Parabéns Calebe 👏👏👏

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Fico feliz com sua participação, comente :D