A eficiência da camuflagem na sobrevivência selvagem

Em ambientes próximo a nossa casa, onde ainda há um pouco de natureza preservada, basta uma chuva para que os anfíbios comecem a sonorizar, lesmas buscam desbravar novos ambientes aproveitando o menor risco de dissecar. Já num dia de sol, gafanhotos e grilos fazem o ar da graça com seus cricrilares, tudo que nos faz lembrar de vidas, natureza… mas já parou para observar, que na maioria das vezes, você não vê esses animais?

Percevejo em meio a folhas de Palmeira-família

A maior defesa contra a morte, é não ser visto, não é verdade? E para um animal predador, ser visto, ajuda a capturar sua preza? Pois bem, em ambas as situações, ser discreto ajuda muito na sobrevivência, e nos enganamos vorazmente, achar que estamos sós.

Basta um pequeno passeio no nosso quintal, que centenas de seres ‘invisíveis’ já nos veem, e como faço para os observar? Andando com muita atenção e paciência. E esta técnica vale para seu jardim, quanto para as florestas (no caso de trilhas).

Uma lagartixa num tronco de Annonaceae.

Portanto, podemos entender que a camuflagem é uma técnica eficiente na arte de se aparentar ao ambiente em que vive/habita. Esta técnica é utilizada por pequenos insetos, anfíbios, répteis, aves, mamíferos, peixes, … enfim, por todos. E há formas diferentes de se camuflar, como ter o corpo desenhado conforme as cascas dos troncos, se aparentar como uma folha, terra.

Filhotes de aves marinhas, por exemplo, têm as penugens similares ao grão de areia. As zebras, tem nas suas listras, uma forma de enganar os predadores como o leão, em meio a savana. A ave mãe-da-lua, que caça insetos durante a noite, fica ao dia em tronco de árvores completamente imóvel e em sono angelical, que se você não tiver os olhos treinados, jamais irá vela.

Consegue ver este inseto no tronco do abacateiro?

O ser humano também busca essa estratégia, como nós biólogos em trabalho de campo com roupas camufladas, a própria forças armadas (em países gelados, usam roupas brancas similares a neve) e a polícia ambiental. A diferença entre nós humanos, e os animais selvagens, é que mesmos camuflados, os selvagens notam a nossa presença, pelo movimento, odor, etc… se você pegar um documentário selvagem, verá que os cinegrafistas além de se camuflarem, usam diversas barreiras como, um monte de coco de elefante, para não ser notado.

O sucesso da aranha na flor do mamoeiro.

Curiosidade Vegetal

Para quem ama documentários como eu, já deve ter assistido um material produzido pela BBC Earth em 2012: Kingdom of Plants (O Reino das Plantas). Nesta mega produção, realizada no Jardim Botânico de Kew, Inglaterra, durante um ano inteiro, há muito material para ser absorvido, mas… um em especial me chamou a atenção, o Café nativo de Galápagos.

O Café de Galápagos já estava sendo considerado em extinção, então foi acionado a equipe do Kew Gardens para buscar revivê-lo. Durante as tentativas, uma planta totalmente diferente ao café verde e exuberante nascia, mas uma planta com folhas marrons e nada ‘vivas’. Os pesquisadores decidiram então deixar a planta vigorar… até observar uma mudança nas folhas, assim que alcançara determinada altura… era o café.

Pasmos com a novidade, buscaram entender o que motivava essa reação da planta, o que fazia ela ficar discolor, desinteressante… ai entrava uma predadora voraz, que comia tudo o que era verde e delicioso pela frente, a Tartaruga de Galápagos. A partir do momento em que as folhas não eram mais alcançadas pela boca da tartaruga, vinham as tão conhecidas folhas verdes exuberantes do cafeeiro. Eis uma descoberta incrível de camuflagem de um vegetal.

Não importa que tipo de ser vivo utiliza-se da técnica de camuflagem, o êxito para tal proeza, acaba sendo a garantia de uma sobrevivência mais segura, duradoura e/ou nutritiva.