quarta-feira, 17 de junho de 2020

O solo movimentado pelas minhocas


Hoje vamos falar sobre as minhocas e sua importância na interação com os demais seres vivos, principalmente os vegetais.

Quando nos deparamos com o invisível ou não corriqueiro, nos armamos com o medo e preconceito, um exemplo disso é o que ocorre com os animais de cavernas e noturnos como as corujas, sapos e morcegos. Lhes pergunto, já ouviu falar sobre mau agouro em observar ou ouvir uma coruja a noite, ou de se colocar o nome de alguém na boca de sapo ele vai ter azar, … muitos desses pensamentos vêm de mitologias e crenças de que o escuro, obscuro, noturno é coisa do mal (demoníaco). Todavia, mesmo povoando no subsolo e distante dos nossos olhares, as atrizes deste post acabaram não entrando nessa linha de ‘bichos papões’, as minhocas.

Aqueles invertebrados que você encontra no quintal de sua casa, são umas entre as cerca de 8.300 espécies de minhocas conhecidas no mundo, isso mesmo, não há apenas uma espécie única rondando o solo, mas diversas. Não é de hoje que elas são estudadas, um exemplo é o histórico Darwin, ele investiu boa parte de sua carreira estudando as minhocas, e as teve como sua última grande obra. Um dos experimentos desenvolvido, foi a observação do próprio quintal, onde antes havia pastagens, ele removeu os animais e deixou o solo livre. No local, haviam muitas pedras e madeiras, com o passar do tempo, sumiram das vistas, e ao cavar, estavam soterrados… ou melhor, as ações das minhocas fizeram com que os objetos adentrassem na terra e apresentassem apenas o material compartimentado que chamamos de solo fértil.

No texto de Darwin, fora observado sua presença até uma profundidade de 16 metros, porém, a literatura fala sobre a profundidade das minhocas de até 50 cm, porém, cada espécie tendo uma característica diferente de hábitos e locais no solo.

As minhocas possuem papel importante, tal como os besouros escarabeídeos, formigas, …, com as ações de movimentação e ingestão de partículas minerais e de matéria orgânica, além do desenvolvimento de galerias subterrâneas e balanceamento no pH. O que contribui nos processos físicos e químicos da manutenção da vida no solo e dos demais seres vivos, possibilitando além de melhor entrada de ar, água e servindo de abrigo para outros organismos. Pensamos assim, você já viu um carreiro de carro? Quanto mais compactado o solo, maiores dificuldades para a biota perfilhar e crescer, e a movimentação da terra, possibilita no melhor desenvolvimento da vida.

O humos, que é o resultado da digestão das minhocas, é importante material orgânico absorvido pelas plantas para o fortalecimento nutricional, amplamente utilizado na agricultura e demais situações que necessita de terra fértil. Assim, as plantas são as primeiras beneficiárias dessa reação natural e biológica dos modos de vida das minhocas. Quando há alteração ambiental, como implementação de vegetação exótica, queimadas, compactação do solo, …, no caso, majoritariamente por ações humanas, podemos afetar na vida subterrânea, levando, inclusive, na remoção das minhocas nativas, dando vez às exóticas, ocasionando no desequilíbrio ambiental. Desse modo, as minhocas também são utilizadas pelos pesquisadores como bioindicadoras, no caso, elas podem demonstrar como está a qualidade do solo.

E como diz nossos cientistas do passado e do presente, é um engano acharmos que o solo é estático, sem movimentação. Abaixo dos nossos pés, a todo momento, movimentos e interações possibilitam que a vida na terra se perpetue com qualidade e renovação.

Referencial bibliográfico

BONNER, J. & GALSTON, A.W. Principios de Fisiologia vegetal. Aguilar S.A. Ediciones, Madrid, 1957.

REIS, N. R.; PERACCHI, A. L.; PEDRO, W. A.; de LIMA, I. P. Morcegos do Brasil. Londrina: Nelio R. dos Reis, 2007.

RUPPERT, E. E.; FOX, R. S.; BARNES, R. D. Zoologia dos Invertebrados: uma abordagem funcional-evolutiva. ed. 7. São Paulo, Roca, 2005.

STEFFEN, G. P. K.; ANTONIOLLI, Z. I.; STEFFEN, R. B.; JACQUES, R. J. S. Importância ecológica e ambiental das minhocas. Revista de Ciências Agrárias. 2013. v, 36. ed.2. p. 137-147.

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